DAS RUAS, O SUSTENTO

Em forma de miniperfis, buscamos evidenciar trabalhadores e trabalhadoras que muitas vezes passam despercebidos pelas calçadas

Homem de boné e camiseta sentado num banco de praça, desenhando numa prancheta.

A qualidade de vida dos trabalhadores é a primeira vítima da informalidade, mas o seu impacto se sente por todo o país: com baixa remuneração, são pessoas que deixam de consumir - ou consomem pouco -, afetando a roda da economia, na maioria das vezes não têm como pagar Previdência e impostos, desequilibrando os serviços e contas públicas. Ao final, são alvo fácil da desigualdade social. 

O trabalhador informal vive em meio a incertezas e insegurança. Sem remuneração determinada, Ana Félix Barbosa, uma trabalhadora das ruas de Florianópolis, estima que recebe quase um salário mínimo por mês. A pipoqueira, que antes atuava com carteira assinada, vende o quitute há seis anos no Centro da Capital. E dá a entender que não desistiu de uma ocupação mais segura. “Quero sair o quanto antes e melhorar a minha condição de vida”, planeja.

Situação parecida é vivida pela gaúcha Bianca Andrade da Cruz Guarda. A jovem vende mandalas também no Centro da Capital catarinense e precisa fazer bicos para completar a renda. Mais de 19 milhões de brasileiros atuam com esses pequenos trabalhos, segundo uma pesquisa divulgada pela Fundação Arymax e a B3 Social. A meta de Bianca é conseguir R$ 1.500 por mês, mas nem sempre é possível. Até a pandemia, em 2020, ela trabalhava como técnica de enfermagem.

Quando Ana deixou a formalidade, em 2017, cerca de 12% da população brasileira estava desempregada, segundo o IBGE. Já Bianca se encaixa nos dados de 2021, quando o número se elevou para quase 15% de desempregados no primeiro trimestre. Até janeiro de 2023, a porcentagem era de cerca de 8% de pessoas sem empregos formais no país. No final de 2022, as taxas de informalidade ficaram em torno de 39,6%. O índice se mantém acima das pesquisas anteriores, segundo o IBGE. Em 2016, por exemplo, 38,6% das pessoas eram trabalhadores informais. 

As ruas acolhem os trabalhadores que, por opção ou falta dela, conseguem seu sustento - ou parte dele - no asfalto e nas calçadas. Ainda que a informalidade perdure, nas ruas se encontram também aqueles que por seus esforços garantem que continuem transitáveis. Que o digam as margaridas e os garis! 

Em meio à grande circulação de pessoas, certo é que nem sempre é só a remuneração por seus serviços e produtos que garante o dia desses trabalhadores.

Às vésperas do 1.o de maio, Dia Internacional do Trabalhador, comemorado desde o final do século 19, em data que marca a luta mundial por melhores condições de trabalho, das ruas de Florianópolis trouxemos histórias de profissionais que continuam diariamente driblando dificuldades para ganhar seu sustento, ou como dizem, simbolicamente, “ganhar a vida”.

Por: Bianca Anacleto

CONHEÇA AS HISTÓRIAS

Retrato de um homem de cabelo escuro penteado para o lado, alargadores pequenos nas orelhas e expressão séria e determinada. Ao fundo, aparecem fora de foco um ponto de ônibus e um poste.

Um sorriso, por favor!

Desenhando caricaturas, Nirjohnso Kennedy de Souza Coelho alegra as pessoas que aborda

O ouro onde ninguém procura

Enquanto recruta negociantes de ouro, Orli José Vieira brilha com sua presença nas ruas

As mandalas que curam

Como Bianca Andrade da Cruz Guarda, técnica de enfermagem, encontrou uma forma de cuidar das pessoas através da arte

Uma margarida pelas ruas

Bernadete Pedro Cordeiro Machado, agente da limpeza pública, limpou os caminhos da própria vida através do seu trabalho

A realeza da cocada

Igor Júnior e Bruna de Pádua seguem a tradição familiar na produção de doces

É doce, é salgada, mas não é mole, não

Enquanto vende uma das comidas mais apreciadas na rua, Ana Félix Barbosa busca novos horizontes


O pão de cada dia

Um negócio que começou como incremento de renda acabou se tornando a grande paixão de Julianne Mund

Profissão quase rara

Para complementar a renda, Adão Mendonça expõe itens antigos para venda, mas teme que essa atividade também se torne obsoleta

Essa é a mistura do Brasil com o… Marrocos

A novela “O Clone” não é a única influência marroquina no Brasil. Em Florianópolis, Angela Raso Prata é chef de pratos típicos do país magrebino

O futuro de uma profissão

Acompanhamos a rotina de John Lima Souza, cobrador do transporte público de Florianópolis desde 2016. Uma função essencial na vida das mais de 220 mil pessoas que utilizam os ônibus para se deslocar pela Capital. Entre histórias e o sentimento de gratidão em poder ajudar cada usuário, ele fala sobre o futuro, perspectivas e os desafios da profissão.
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Muito mais que um crepe

Em um carrinho que ele mesmo construiu, Airton Alves da Silva conquista clientes e sustenta a família com seus crepes

Na era do imediatismo, alguém vê o tempo passar

Vendendo jornais e revistas na Banca da Praça XV, Solange Maria mantém viva a cultura do jornalismo impresso.

"A vida dá arte"

Com 50 anos na estrada da música, Clélio Diniz faz das ruas da Ilha seu palco principal

Em meio à correria

Cassiano Silva leva ao consumidor o que ele precisa, na hora em que precisa

Artesanato com marca de resistência

Para tentar uma nova vida e ajudar a sua aldeia, Adenilson Palhano expõe e vende utensílios da arte manual Kaingang nas ruas de Florianópolis

Era uma vez em Florianópolis

Em Hollywood, Charles Bronson é cowboy e justiceiro. No Centro de Florianópolis, é entregador de panfletos

Conheça os professores responsáveis por orientar os alunos do Grupo 4 da 1ª Semana de Produção Jornalística da Universidade Federal de Santa Catarina.

Orientador: Prof. Ivan Giacomelli

Fernando Crocomo

Valentina da Silva Nunes

Janaíne Kronbauer dos Santos

Tattiana Teixeira