As mandalas
que curam

Como Bianca Andrade da Cruz Guarda,
técnica de enfermagem, encontrou
uma forma de cuidar das pessoas
através da arte

Autoconhecimento, portais energéticos e identificação do eu interior. É assim que a artista Bianca Andrade da Cruz Guarda descreve as mandalas que pinta e vende na Praça XV de Novembro, no centro de Florianópolis (SC). Desde criança, Bianca sempre se interessou por arte, desenhando diferentes estilos, mas a pintura tinha um espaço reservado em seu coração, principalmente depois que sua avó a colocou em um curso para aprimorar as pinceladas. Nele, aprendeu a pintar em diversas bases: panos de prato, vidros, telas e no MDF, material em que nascem as mandalas.

Bianca acredita que todas as pessoas deveriam pintar mandalas pelas possibilidades de autoconexão que elas trazem. Foto: Anthony Cervinski.

Bianca acredita que todas as pessoas deveriam pintar mandalas pelas possibilidades de autoconexão que elas trazem. Foto: Anthony Cervinski.

A vida, no entanto, seguiu por outro caminho por um tempo. Ainda no Rio Grande do Sul, estado em que cresceu, Bianca resolveu trabalhar como técnica em enfermagem. Foi essa profissão que a fez vir para a capital de Santa Catarina em 2018. Foram cinco anos atuando nessa área, até que a Pandemia da Covid-19 chegou para mudar os rumos da gaúcha mais uma vez. Confinada, ela se reencontrou como artista e começou a pintar mandalas, reproduzindo modelos que via na internet. Quando percebeu que tinha aprimorado sua arte, resolveu transformá-la em uma forma de renda. “As mandalas me conectaram muito com a Bianca do passado”.

Bianca divulga as suas redes sociais na sua própria tenda. Nelas, ela expõe sua arte e conta sua história. Foto: Anthony Cervinski.

Bianca divulga as suas redes sociais na sua própria tenda. Nelas, ela expõe sua arte e conta sua história. Foto: Anthony Cervinski.

Marcador de páginas, incensários e brincos estão entre os produtos que a artista vende. Foto: Anthony Cervinski.

Marcador de páginas, incensários e brincos estão entre os produtos que a artista vende. Foto: Anthony Cervinski.

Com cuidado, Bianca encosta o pincel molhado com tinta PVC no MDF em formato de círculo múltiplas vezes, até formar desenhos diversos e coloridos. Depois de secos e prontos, ela os expõe às terças e quintas-feiras em sua tenda na praça, onde chega bem cedo de manhã e fica até o fim da tarde. Também participa de feiras de artesanato há cerca de um ano e aceita encomendas pelas redes sociais identificadas por “Arte Cura Mandalas”, onde diz que sua missão é “espalhar arte, cor e amor através das mandalas”.

Mesmo expondo suas obras em tantos lugares diferentes, o lucro que Bianca produz ainda não é suficiente para que consiga viver apenas como artista independente. “Você depende das pessoas gostarem do seu trabalho. E não só gostarem, mas levarem para casa, verem que aquilo ali é essencial para elas, que vai ter algum valor”. Sua meta atual é alcançar R$ 1.500 por mês. Com a sua arte, ela consegue completar metade dessa renda, embora as vendas oscilem. “Tem meses que eu consigo vender bastante e tem meses que nem tanto”. Durante a semana, ela precisa fazer outros trabalhos, como o de panfletagem pelas ruas do centro de Florianópolis, para complementar a outra metade. “Tudo é devagarzinho, mas ainda não consigo viver somente disso. Então tenho que estar correndo atrás de outras coisas para poder me manter”.