Era uma vez em Florianópolis

Em Hollywood, Charles Bronson é cowboy e justiceiro. No Centro de Florianópolis,
é entregador de panfletos

“Sou conhecido na área, então sou bem disputado pelo comércio”. Aos 58 anos e sempre com um sorriso no rosto, João Batista “Bronson” de Freitas entrega panfletos no Centro de Florianópolis. O apelido, segundo ele, vem da sua semelhança com o ator estadunidense Charles Bronson: “Dizem que o bigode é igual”, conta com orgulho.

A panfletagem não é a sua única ocupação. Bronson trabalha há mais de vinte anos como autônomo na segurança da área de eventos. Durante a semana, quando não há demanda no seu trabalho principal, ele atua na divulgação desses eventos. Sua principal estratégia é abordar as pessoas na rua: "Alguns falam que sou chato, outros correm. Mas muitas pessoas vêm até mim.” Ainda que sua aparência robusta e sua semelhança com um “machão” de Hollywood dos anos 70 possam soar intimidadores, Bronson mantém um olhar animado e uma risada cativante. “Uma vez perguntei para uma menina o porquê de ela sempre pegar meus panfletos. Ela disse que é porque sou simpático. Então o meu sorriso melhora o dia das pessoas, por isso gosto de estar aqui na rua”, relata ele.

Senhor de cabelo branco com franja em formato tigela e bigode branco em forma de meia lua. Está conversando.

O corte de cabelo e o bigode fazem com que João Batista não seja conhecido pelo seu nome, mas pelo apelido, Bronson. Foto: Mateus Mendonça

O corte de cabelo e o bigode fazem com que João Batista não seja conhecido pelo seu nome, mas pelo apelido, Bronson. Foto: Mateus Mendonça

Senhor sorri entregando panfletos na rua do Mercado Público

A simpatia é a marca registrada de Bronson: “Me agrada pensar que minha alegria pode melhorar o dia das pessoas”, diz ele. Foto: Mateus Mendonça

A simpatia é a marca registrada de Bronson: “Me agrada pensar que minha alegria pode melhorar o dia das pessoas”, diz ele. Foto: Mateus Mendonça

Por estar na área há bastante tempo e ser conhecido pelo seu carisma, Bronson diz ser capaz de negociar valores com os contratantes, cobrando em torno de cem reais por dia de trabalho. Porém, seus ganhos ainda são mínimos para se sustentar, já que não são todos os dias nos quais é contratado. “Consigo tirar um dinheirinho. Só que é aquele dinheiro que ganho hoje, mas amanhã não tenho mais. Então preciso estar sempre na labuta”. Ainda assim, ele não se vê fazendo algo diferente: “No fim, esse trabalho se torna divertido. Para mim, lidar com pessoas é prazeroso”. Sua maior dificuldade é quando não pode ir para rua. “Difícil mesmo é só quando chove. Isso nos quebra”, conta ele, enquanto gargalha.