Muito mais que um crepe

Em um carrinho que ele mesmo construiu,
Airton Alves da Silva conquista clientes e
sustenta a família com seus crepes

“Se eu falto uma quarta-feira, o pessoal começa a cobrar. Tenho muitos clientes aqui”, conta Airton Alves da Silva. Todas as quartas, às 6h, é assim: ele chega à feirinha da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com seu carrinho de crepe. Após se estabelecer, começa a organizar a área de trabalho. Separa queijo, presunto, calabresa e chocolates — principais sabores do crepe suíço do Airton. A massa também é preparada com muita prática, as medidas são feitas no olho. Dois ovos, um pouco de farinha de trigo, água, açúcar, sal, amido de milho e coco ralado, “para dar liga”, segundo ele. Depois, ao bater a mistura em uma batedeira, tudo está pronto para mais um dia.

Um senhor sério, de óculos e boné. Ao fundo, sua barraca.

Airton Alves da Silva vende crepes na feira da UFSC com a ajuda de quatro familiares. Foto: Anthony Cervinski

Airton Alves da Silva vende crepes na feira da UFSC com a ajuda de quatro familiares. Foto: Anthony Cervinski

Aos 60 anos, Airton acumula experiência. São onze anos vendendo crepes no bairro Passa Vinte, em Palhoça, onde ele mora. No entanto, foi em julho de 2022 que começou a trabalhar em um novo ponto: a feirinha da UFSC. “Quem trabalha com crepe tem que mudar de lugar para conseguir mais clientes. Por esse motivo eu tenho outros pontos na Palhoça”, explica. Para realizar a mudança de local e melhorar as condições de trabalho, Airton fabricou o próprio carrinho para produzir crepes.

Máquina de crepe com massa quase transbordando e pedaços de queijo no recheio

Em dias movimentados, a máquina de crepe é utilizada mais de cem vezes. Foto: Anthony Cervinski

Em dias movimentados, a máquina de crepe é utilizada mais de cem vezes. Foto: Anthony Cervinski

Três crepes dourados num palito

Além do crepe, Airton também começou a vender caldo de cana em seu carrinho. Foto: Anthony Cervinski.

Além do crepe, Airton também começou a vender caldo de cana em seu carrinho. Foto: Anthony Cervinski.

Em pouco tempo, o vendedor conquistou o público da feirinha. Segundo ele, o segredo para vender bem é a organização durante a produção dos crepes. Há 11 anos, quando não tinha o carinho, a venda era feita em uma mesa, e os equipamentos não eram tão bem organizados devido à falta de espaço. Com o tempo, o trabalho evoluiu. Agora, é tudo organizado do jeito que o Airton projetou. “Fabriquei o carinho como eu queria. Todo mundo da família gostou da ideia. É uma obra minha, com a minha experiência de serralheiro”, relata com orgulho.

Carrinho de crepe e caldo de cana. Ele é amarelo e tem uma foto do filho de Airton segurando um crepe. Ele está coberto por uma lona amarela e vermelha. À frente, há o cardápio e uma cliente.

Airton foi serralheiro por 15 anos. Com a experiência da profissão, projetou e montou o próprio carrinho. Foto: Anthony Cervinski

Airton foi serralheiro por 15 anos. Com a experiência da profissão, projetou e montou o próprio carrinho. Foto: Anthony Cervinski

Airton termina o expediente de trabalho às vinte horas e conta que essa longa jornada garante, em média, a renda referente a um salário mínimo. No dia seguinte, tudo começa outra vez nos outros pontos de venda pela Grande Florianópolis. Desde que a família começou a vender crepes, a vida é sobre conquistar os clientes com o melhor que podem oferecer.