A realeza da cocada

Igor Júnior e Bruna de Pádua seguem a tradição familiar na produção de doces

Retrato de um homem de cabelo escuro penteado para o lado, alargadores pequenos nas orelhas e expressão séria e determinada.

É na Praça Santos Dumont, no bairro Trindade, que toda quinta-feira tia e sobrinho montam sua barraca de vendas de sobremesas. Do lado direito, vendem os churros recheados. Do lado esquerdo, as cocadas e os doces de leite que são carros chefes do negócio. O sorriso no rosto dos dois vendedores não esconde o prazer em seguir a tradição da família com “O rei da cocada & doce de leite”. “Meu bisavô passou para o meu avô, meu avô passou para o meu pai, meu pai passou para o meu irmão. E assim a gente vai”, relembra a vendedora.

Bruna tem afeto pela Praça Santos Dumont, pois foi ali que participou da sua primeira feira, aos 17 dias de vida. Foto: Geovani Martins

Bruna tem afeto pela Praça Santos Dumont, pois foi ali que participou da sua primeira feira, aos 17 dias de vida. Foto: Geovani Martins

A família, que é natural do Paraná, encontrou na Grande Florianópolis a oportunidade de continuar com a tradição. Além da praça, ao longo da semana, estão presentes em locais como o Jardim Botânico e a Feira da Freguesia de São José. Enquanto os vendedores vão para as ruas, o restante dos familiares foca na produção que começa na Central de Abastecimento do Estado de Santa Catarina (Ceasa) com a compra do coco e continua em casa com o processo de descascar a fruta. “Demora uma hora para cada 'tachada' que dá, em média, oitenta cocadas”.

Nos eventos, costumam levar os tachos para que as crianças e os adultos possam ter a experiência de participar e assistir a produção. "Eu acho importante mostrar para as pessoas a nossa cultura. Ver um doce diferente, poder provar, conhecer o coco”, conta. O desejo de Bruna é que cada vez mais as pessoas possam provar a receita tradicional que ela afirma ter um sabor diferenciado de todas as outras.
Os vendedores nutrem um carinho especial pela produção e, atualmente, toda sua renda é tirada das vendas. Bruna já trabalhou em um emprego formal, mas prefere a vida que leva hoje. “Aqui para mim hoje é minha vida”. Segundo a vendedora, a linhagem não corre perigo. “Meu filho fala que ele vai ser o próximo rei da cocada”, conta com muito orgulho.

Todas as cocadas são produzidas sem leite, para que veganos e intolerantes à lactose possam consumir também. Foto: Geovani Martins

Todas as cocadas são produzidas sem leite, para que veganos e intolerantes à lactose possam consumir também. Foto: Geovani Martins