O ouro onde ninguém procura

Enquanto procura ofertas do metal, Orli José Vieira brilha com sua presença nas ruas

No Centro de Florianópolis, na esquina da Conselheiro Mafra com a Jerônimo Coelho, as pessoas caminham a passos rápidos. São três horas da tarde. O som do local é preenchido por uma cantora de rua que interpreta Have You Ever Seen the Rain?, clássico da banda Creedence Clearwater Revival. Em meio a esse cenário, um homem dança alegremente enquanto segura uma placa, onde se lê “compro ouro”. Orli José Vieira atua na função de negociante de ouro há 15 anos.

Orli costuma transitar pelos entornos do Mercado Público de Florianópolis, buscando captar possíveis negociantes de ouro. Foto: Mateus Mendonça.

Orli costuma transitar pelos entornos do Mercado Público de Florianópolis, buscando captar possíveis negociantes de ouro. Foto: Mateus Mendonça.

Os compradores de ouro da região não gostam de dar entrevistas e de serem fotografados. Como atuam em um mercado paralelo, muitos têm receio de se expor. Mas com Orli é diferente. “Conheço todos que trabalham aqui na rua e todos aqui me conhecem. Falo com todo mundo sem problema nenhum”.

Em meio às pessoas, ele caminha e balança o corpo seguindo o ritmo da música, chamando a atenção de algumas pessoas que param para observar a performance. São poucos os momentos, ele tira um descanso. “Tenho 58 anos e, para mim, estar sempre em movimento é o que me mantém em pé.”

Orli transita pelas ruas com sua placa e seu colete tentando atrair o público. Foto: Mateus Mendonça.

Orli transita pelas ruas com sua placa e seu colete tentando atrair o público. Foto: Mateus Mendonça.

Orli também faz bicos de segurança à noite. “Aqui, ganho sessenta reais fixos por dia, mais vinte reais a cada um que eu levo ao patrão com ouro, mais o dinheiro extra que faço de noite. E não preciso sustentar ninguém. Moro sozinho e pago aluguel, mas vivo uma vida maravilhosa”, conta, destacando que vive uma vida simples, porém tranquila. Para Orli, a simplicidade é o caminho para a felicidade e ele não se imagina vivendo de outra maneira. “Se eu sair daqui da rua, vou ficar doente. Não penso em me aposentar, quero trabalhar até o fim da minha vida.”