Artesanato com
marca de resistência
Para tentar uma nova vida e ajudar a sua aldeia, Adenilson Palhano expõe e vende utensílios da arte manual Kaingang nas ruas de Florianópolis
“Para nós, o artesanato é uma cultura passada de geração em geração”, declara Adenilson Palhano, enquanto mostra os cestos de palha e os vasos artesanais de planta que ele e outros membros de sua aldeia produziram. Ele pertence ao povo Kaingang e vem de Erechim (RS), a mais de 500 quilômetros de distância de Florianópolis.
Atualmente, Adenilson vive em uma ocupação indígena no bairro Saco dos Limões, na capital catarinense, dentro de um terminal de ônibus desativado desde 2005. O espaço foi abandonado e, desde 2016, é utilizado como abrigo provisório para indígenas da etnia Kaingang, que aproveitam o fluxo de turistas do verão para comercializar sua produção artesanal. Até hoje eles aguardam uma decisão do poder público para a construção de uma Casa de Passagem, dedicada a abrigar os indígenas durante esse fluxo e divulgar sua cultura a quem visita e mora na Ilha.
No abrigo provisório, Adenilson e seus companheiros trabalham principalmente com artesanato. Eles colocam suas obras à venda nas ruas do centro para poder sustentar a ocupação indígena. A especialidade dele é o trabalho com palha. “Sou artesão desde criança. É uma arte de família que aprendi com a minha mãe”, conta.
Antes de vir a Florianópolis, ele trabalhou em frigoríficos na região de Chapecó, no Oeste do estado, perto de sua cidade natal. Mas, ao saber que outros Kaingang estavam tentando a vida na capital catarinense, resolveu também experimentar novos ares. Adenilson trabalha, principalmente, para auxiliar na manutenção da aldeia. “Hoje, a venda de artesanatos é a minha fonte de renda. É bom estar aqui sabendo que ajudo outros do meu povo”, declarou.