Artesanato com
marca de resistência

Para tentar uma nova vida e ajudar a sua aldeia, Adenilson Palhano expõe e vende utensílios da arte manual Kaingang nas ruas de Florianópolis

“Para nós, o artesanato é uma cultura passada de geração em geração”, declara Adenilson Palhano, enquanto mostra os cestos de palha e os vasos artesanais de planta que ele e outros membros de sua aldeia produziram. Ele pertence ao povo Kaingang e vem de Erechim (RS), a mais de 500 quilômetros de distância de Florianópolis.

Rapazes posam ao lado de suas cestas. À esquerda, Gideoni tem camiseta florida, bermuda preta e chinelos brancos. Adenilson tem óculos escuros espelhados, camiseta preta e branca, bermuda e tênis azul

Adenilson, à direita, e seu amigo Gideoni Ciqueira expõem seu trabalho na rua Jerônimo Coelho. Foto: Mateus Mendonça

Adenilson, à direita, e seu amigo Gideoni Ciqueira expõem seu trabalho na rua Jerônimo Coelho. Foto: Mateus Mendonça

Atualmente, Adenilson vive em uma ocupação indígena no bairro Saco dos Limões, na capital catarinense, dentro de um terminal de ônibus desativado desde 2005. O espaço foi abandonado e, desde 2016, é utilizado como abrigo provisório para indígenas da etnia Kaingang, que aproveitam o fluxo de turistas do verão para comercializar sua produção artesanal. Até hoje eles aguardam uma decisão do poder público para a construção de uma Casa de Passagem, dedicada a abrigar os indígenas durante esse fluxo e divulgar sua cultura a quem visita e mora na Ilha.

Cestos artesanais azuis e rosa com flores de macela. Várias pequenas flores amarelas formam pequenos buquês redondos

Os cestos de Adenilson possuem diversas cores e são trabalhados em palha. Alguns são usados como vasos de planta. Foto: Mateus Mendonça

Os cestos de Adenilson possuem diversas cores e são trabalhados em palha. Alguns são usados como vasos de planta. Foto: Mateus Mendonça

No abrigo provisório, Adenilson e seus companheiros trabalham principalmente com artesanato. Eles colocam suas obras à venda nas ruas do centro para poder sustentar a ocupação indígena. A especialidade dele é o trabalho com palha. “Sou artesão desde criança. É uma arte de família que aprendi com a minha mãe”, conta.

Antes de vir a Florianópolis, ele trabalhou em frigoríficos na região de Chapecó, no Oeste do estado, perto de sua cidade natal. Mas, ao saber que outros Kaingang estavam tentando a vida na capital catarinense, resolveu também experimentar novos ares. Adenilson trabalha, principalmente, para auxiliar na manutenção da aldeia. “Hoje, a venda de artesanatos é a minha fonte de renda. É bom estar aqui sabendo que ajudo outros do meu povo”, declarou.