Pelo fim do direito de matar

Violência e letalidade policial em Florianópolis

Ilustração de Eduardo Eising

Ilustração de Eduardo Eising

- Oi. Mais um.

Depois de quase um ano envolvida com o tema, já sei o que esta mensagem significa. Durante os 10 meses em que trabalhei nesta reportagem, a polícia catarinense matou 18 jovens em operações policiais realizadas na capital, sempre alegando legítima defesa. Quase todos os meses, recebi pelo menos uma mensagem como a que abre este texto. 

No dia seguinte a cada morte, as bocas de fumo dos morros da capital funcionavam normalmente e o batalhão da PM, também. Em lados opostos de uma guerra sem fim, ambos seguem com suas rotinas, deixando para trás pais e mães destruídos, crianças traumatizadas e um ciclo de ódio e injustiça que parece longe de ser encerrado.

Naquela manhã, respondi à mensagem com uma série de perguntas: Quem foi? Como aconteceu? Quando? Tais questionamentos talvez não mudem nada neste cenário, mas ouvir e recontar essas histórias é o que posso fazer para que estes jovens - todos periféricos - não sejam relegados a meras estatísticas. 

Os relatos contidos nesta reportagem são de pais, mães, familiares e amigos que compartilham entre si as cicatrizes da violência e letalidade policial nas periferias centrais de Florianópolis - um território que abriga mais de 40 mil pessoas, a maioria pretos e pardos, embora não haja estatísticas oficiais sobre isso. Muitos deles compartilham também o medo de serem novamente agredidos após a publicação deste material. 

Para sua própria proteção, alguns indivíduos tiveram seus nomes, características e/ou datas de eventos substituídos ou ocultados. Ainda assim, não há garantias de que estão seguros. Por isso, declaro publicamente minha preocupação com a integridade física e mental dos envolvidos nesta apuração, que, embora tenham autorizado a publicação de suas histórias, temem retaliação dos agentes de segurança pública. 

Nenhuma das vítimas nos 10 casos investigados nesta reportagem possuía mandados de prisão em aberto quando foram mortas pela Polícia. Ao menos quatro delas receberam tiros pelas costas.

Para ler a reportagem, acesse os capítulos pelo menu abaixo.

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo, Universidade Federal de Santa Catarina - 2023.2. Março de 2024. Orientação: Profa. Tattiana Teixeira